Pensamento ético de Aristóteles e suas descobertas

Os gregos foram sem dúvida, a base principal do pensamento ocidental na Europa que consequentemente espalhou-se para as Américas depois de muitas adaptações. Mesmo as vezes sem notar, vivemos com heranças do pensamento grego em nossas vidas quotidianas e os estudamos sem mesmo saber que grande parte dos conhecimentos provém deles.

Grande parte dos esquemas de pensamento racional produzidos pela igreja católica e mais tarde retomados por outros cientistas sociais e filósofos, provém dos textos gregos escritos há séculos antes. Sem dúvida, os pensadores gregos estavam num momento de grandes debates e conhecimento quando produziram tão valiosos escritos.

A Ética Aristotélica – Questão da Alma

Aristóteles talvez tenha sido um dos mais conhecidos autores gregos. Em sua obras, ele problematiza questões já discutidas por outros pensadores gregos como Platão e Sócrates, principalmente do que se diz respeito a alma e os anseios humanos.

De acordo com Aristóteles, todos os seres possuem um motor que os impulsiona, algo que gera suas ações e reações e transcendem a sua essência. A esse

Estatua de Aristóteles
Aristóteles

elemento essencial, Aristóteles assim como Sócrates e Platão, chamou de alma.

Cada tipo de ser possui um tipo de comportamento e de expressão na vida própria. Nesse caso, os tipos de alma seriam diferentes de acordo com as capacidades das espécies. Os vegetais por exemplo, possuem uma alma vegetativa, que corresponde às funções de reprodução e crescimento.

Já os animais, além de conterem uma alma vegetativa, contém também uma alma sensitiva, devido ao fato deles serem dotados de percepção do mundo ao seu redor e poderem se movimentar de forma satisfatória.

O homem grego por sua vez, além de ter as duas almas já explicitadas acima, possui uma alma intelectiva, pois essa se refere além das outras capacidades, a capacidade de racionalizar as coisas e questões, a capacidade do pensamento.

A Questão da Ação

O homem, dotado de faculdades intelectivas, seria capaz de racionalizar suas ações que poderiam ser feitas ou não para aquilo que ele mesmo considera bom ou agradável para ele. Para isso, os atos dos homens são nada mais nada menos do que a busca pela felicidade (conceito grego de eudaimonia).

O motivo pelo qual buscamos a felicidade para Aristóteles, se justifica por ela mesma ser uma aspiração incondicional da experiência humana. Isso porque a felicidade é o fim último e completo, não sendo possível obter nada mais após dela. Dessa forma, a felicidade possui em si própria um sentido completo.

Durante a vida, o homem realizaria seus atos em busca da felicidade e que para isso, deveria agir de acordo com a moral e virtude da racionalidade, de sua condição natural de intelecto, algo que o diferencia dos outros seres. Como o intelecto é a única virtude que pertence só ao homem, então seria somente por meio dessa virtude que este alcançaria a eudaimonia, enquanto potência.

A Ética de Aristóteles

Apesar da razão ser potência natural e exclusiva do homem, não só de razão o homem é constituído, pois as outras almas também estão presentes em sua natureza. Por esse motivo, os homens poderiam ser levados por outros impulsos naturais que não o intelecto.

Como face disso, os desejos e apetites são comuns a parte sensitiva de nossa essência, e ceder somente a eles seria agir contra a virtude racional proposta para alcançar a felicidade. Uma vez considerado que sentir os desejos e apetites seja também de nossa natureza, isso não nos seria proibido.

Porém, a ética entra como reguladora dos desejos das outras essências para um bem comum, que no caso seria a felicidade. O homem pode ter os desejos e apetites, desde que regulados abaixo do intelecto e racionalidade. A conduta humana então, determina nossa condição virtuosa ou maléfica, na medida em que escolhemos ou não a racionalidade.

Aristóteles não considera os impulsos de desejo como sendo involuntários ou frutos de uma certa ignorância da parte irracional do humano. Os considera voluntários e normais a condição de homens, porém com a possibilidade de serem regulados de forma ética pela racionalidade. Chegando assim, ao estado de sujeito autônomo, que é capaz de responder pelos seus atos e reconhecer suas capacidades livres perante isso.

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