Pré modernismo brasileiro caracteristicas

O que se conhece por pré modernismo no Brasil não adquire formas de uma escola literária propriamente dita, mesmo assim esse abrangente campo  de produções literárias era dotado de particularidades que o singularizava, nas primeiras década do século XX, quando se desenvolveu. Par conseguir caminhar com legitimidade por entre esse assunto precisamos entender o contexto de seu desenvolvimento e as imbricações desta para a literatura nacional.

Da virada século XIX ao século XX a Europa passava pela Primeira Grande Guerra, políticas imperialistas, no Brasil ainda regia a política do café com leite, marginalização dos negros, Batalha de Canudos, Cangaço, Ciclo da Borracha, Imigrações, todos esses fatores influenciaram de forma pujante as artes brasileiras. O pré modernismo em especial marcou a transição entre o naturalismo e o modernismo, embora as abordagens e temáticas eram bem diferentes em cada autor, romperam com muitos ideias precedentes, mas ainda eram relutantes quando a novas propostas estilísticas.

Sertões de Euclides da Cunh
“Os Sertões” de Euclides da Cunha fez muito mais que retratar os acontecimentos em Canudos.

As duas  características mais marcantes do pré-modernismo é o conservadorismo, que se explica pelo mantimento de autores naturalistas, parnasianos, simbolistas ou seja permanência de traços positivistas ainda com muita força. Já a renovação veio com um maior destaque para  a perspectivas nacionalistas  nos trabalhos artísticos, se destacando pela crítica regionalista, utilização da linguagem coloquial, analise dos contornos da sociedade, inerência com querelas sociais.

Principais Autores e Obras    

Euclides da Cunha: Em sua principal obra ” Sertões ” relata jornalisticamente os acontecimentos em Canudos, e a partir dai traça uma dura analise do Brasil, ora com o fim de denunciar a violência, ora indo mais afundo, e distinguindo a existência de um país moderno e outro primitivo, dentro de um mesmo território. É a linguagem que ele utiliza, bem rebuscada, difícil e poética que dá a obra créditos de literária.

Graça Aranha: escritor da obra “Canaã” inicia um debate entre caminhos da sociedade, a partir da dicotomia entre os protagonistas do Romance,  Milkau e Lentz dois imigrantes alemães, que discutia sobre o valor do dinheiro em detrimento do amor.

Lima Barreto: Com uma linguagem coloquial e enredos neo-realistas, enfatizava as classes mais pobres da sociedade carioca, muitas vezes em tom de denuncia. Suas criações de maior visibilidade foram O Triste Fim de Policarpo Quaresma, O Homem Que Sabia Javanês e  Recordações do Escrivão Isaías Caminha.

Augusto dos Anjos: Trazia muito do naturalismo e parnasianismo, muitas vezes utilizando termos científicos em seus escritos, apreciação dos fenômenos físicos e biológicos da morte, traços explicitados em sua obra ” Eu e as Poesias”.

Monteiro Lobato: construía suas narrativas esteado pelo modelos realistas, criação do caboclo do campo e descrição da descendência da cafeicultura, suas principais criações nessa temática são ” Urupês “, “Negrinha”  e ” Cidades Mortas “.

Características do naturalismo

O naturalismo que surgira a partir do positivismo e pela Teoria de Evolução das Espécies, teve sua inserção na sociedade em metade do século XIX, propriamente na França, apresentando-se como Movimento estético-literário. Embora possui ligação veemente com as artes, o conceito do naturalismo possui uma extensão ainda maior, além de se contrapor em relação ao pensamento do sobrenaturalismo, que pode ser entendido como doutrina que consente a presença de uma intervenção do sobrenatural no mundo.

Contrário a essa concepção, o naturalismo associa o universo com um organismo, que não possui especificadamente um propósito geral, mesmo que seus segmentos executam funções regulares e harmoniosas. A natureza existe e se mantém totalmente indiferente às necessidades humanas. No conceito sobrenaturalista, o planeta foi feito para cumprir uma finalidade predeterminada, corresponde ao divino ou a moralidade.

A ideias naturalistas aproximam o homem ainda mais do real.
No naturalismo, a hereditariedade explica os males da sociedade, vista sempre com forte pessimismo.

Outra forma de entender as características do naturalismo é analisando o realismo, tendência esta que remete a negação do envolvimento sentimental, opondo-se ao idealismo romântico, ainda impõe intensamente a realidade de fato. Os naturalistas mantém a visão determinista e mecanista do homem, onde só espaço para a incorporação de termos profissionais e científicos.

As principais características do naturalismo são:

  • Crença na razão: Não existe lugar para a emoção, as relações amorosas seguem com frieza, sem propósitos.
  • Materialismo: O homem e a sociedade, negam a relação com Deus.
  • Objetividade: A literatura não apresenta mais textos que contenham ilustrações e explicações supérfluas.
  • Cientificismo: A vida e as ações humanas são determinadas pela ciência.
  • Determinismo: Os personagens surgem a partir das variabilidades:
  • hereditariedade – que explica os caráteres e patologias;
  • o meio – determina o comportamento;
  • momento histórico – responsável pelas ideologias.
literatura naturalista
Essa obra retrata alguns pensamentos naturalistas.

No naturalismo, ainda se afirma que as ciências experimentais influenciam no comportamento humano, como forma de demonstrar que há paridade na submissão das leis que também regem os fenômenos físicos. Pode ser entendido ainda como a radicalização do Realismo, anatomia do caráter e crítica ao homem.