Qual era o centro do universo no pensamento medieval

Ao observar atentamente a história e o movimento renascentista, podemos analisar dois importantes conceitos que constituem ideias opostas, mas que fundamentaram tanto a Idade Média quanto a Idade Moderna, tal como o Teocentrismo e o Antropocentrismo.

Teocentrismo

Esse é um dos conceitos que marcaram o período da Idade Média. Santo Agostinho era tido como um dos mais influentes teólogos da época. Ele foi  responsável por realizar diversos estudos sobre a salvação espiritual e a condição do homem no mundo. Através de várias pesquisas, Agostinho determinou que o homem fosse corrompido pelo pecado original, fazendo assim com que ele fosse agregado a condição de criatura mortal, inferior e imperfeita.

Diferença entre antropocentrismo e teocentrismo
Teocentrismo x Antropocentrismo.
(Foto: Reprodução)

A partir desse momento e dos conceitos já analisados, o pensamento medieval se voltava para Deus, onde o mesmo era considerado o centro do universo. Um bom exemplo disso era a forma como os medievais agiam na época (dizeres que viraram ditados modernos posteriormente), explicando todo e qualquer fenômeno natural como sendo a vontade de Deus.

A figura divina nesse instante foi considerada o centro do universo, devido a grande influencia da igreja Católica e os seus marcos dentro e fora do monopólio.

Antropocentrismo

Esse conceito é tido como o marco da Idade Moderna, devido o surgimento do momento  renascentista, em que o homem era considerado o centro de todo o universo delineando  sua postura, os seus sentimentos, entre outros fatores. Tudo isso se manifestou em várias obras de arte do movimento. O homem medieval agora deixava para trás o seu comportamento místico e subordinado religioso em troca da figura da figura humana.

Pesquisadores afirmam que a nova teoria surgiu em resposta aos modos de agir e pensar que os povos tinham durante a Idade Média, sendo influenciados pela igreja.

No século XII já era possível observar ideias greco-romanas com traços baseados nos conceitos e teorias do antropocentrismo. Um grande marco aconteceu cerca de um século depois, em que Santo Tomás de Aquino, influenciado por Aristóteles, apresentou que o homem como uma criatura privilegiada e notada de razão.

As modificações em relação aos conceitos vistos de séculos em séculos são abundantes, mas grandes filósofos afirmam que o antropocentrismo é uma das principais características dos seres humanos.

Sá de Miranda

Francisco Sá de Miranda é um importante autor em relação a influência de todos os escritos tradicionalistas. Nasceu no dia 28 de Agosto de 1481, na cidade de Coimbra. É considerado um dos principais nomes dessa articulação em relação aos exemplos que proporcionou entre os séculos XV e XVI. Todo o início de sua história é um pouco duvidoso até os dias atuais pois Sá de Miranda só obteve sucesso e sua vida conhecida a partir do momento em que chegou a Universidade de Lisboa.

Ele era filho de Gonçalo Mendes e Inês de Melo. Viveu com seus pais em São Salvador do Campo durante vários anos até o seu ingresso no ramo universitário. Suas obras e relatos foram conhecidos até o dia 15 de Março de 1558, onde o autor, com cerca de 77 anos veio a falecer na cidade de Amares, tendo assim sua vida concretizada em meio as letras, onde fez diversas intervenções sociais e literárias.

Sá de Miranda se estudou e se formou na Universidade de Lisboa em Direito, onde se aprofundou em conteúdos e práticas da humanidade, da gramática e da retórica. Com sua grande práticas nessas três áreas, que foram estudadas durante muitos anos de sua vida, Miranda passa a ser professor da instituição, onde fez sua carreira se concretizar e seu nome ser lembrado por todos. Em meados de 1521, Miranda ainda frequentava a Corte, leciona,a compunha cantigas, esparsas e vilancetes.

Após uma viagem a Itália, Miranda se depara com o ambiente literário Renascentista, mas seu contato com esse contexto era articulado desde anteriormente. Com as ideias italianas sobre esse tema, ele resolveu aderir um pouco dessa ideologia para seus textos, mostrando novos sonetos, sextina, oitavas, versos com dez sílabas, canções e tercetos. Miranda foi o primeiro a utilizar esses projetos de forma clássica e assim fez com que o Renascimento fosse conhecido em Portugal.

Ele escrevia ainda poesias e obras de teatro. Uma das suas obras mas conhecidas em relação a drama e tragédia é “Cleópatra”. Sá de Miranda também abordava textos comediantes, nos quais se destacaram “Estrangeiros” e “Vilhalpandos”.

Quem aos olhos dar-me uma vertente

 

“Quem aos olhos dar-me-á uma vertente

de lágrimas, que manem noite e dia?

Ao menos a alma, enfim, respiraria,

chorando, ora o passado, ora o presente.

 

Francisco Sá de Miranda
Francisco Sá de Miranda

Quem me dará, longe de toda gente,

suspiros, que me valham na agonia

já longa, que o afã tanto encobria?

Sucedeu-me depois tanto acidente!

 

Quem me dará palavras com que iguale

tanto agravo que amor já me tem feito,

pois que tão pouco o sofrimento vale?

 

Ah! quem ao meio me abra este meu peito,

onde jaz tanto mal, por que se exale

tamanha coita minha e meu despeito?”

Humanismo e Renascimento resumo

O Renascimento foi um movimento iniciado no século XIV na Itália que se disseminou por toda a Europa nos dois séculos seguintes, marcado pela renovação do interesse à antiguidade clássica, foi uma espécie de materialização do humanismo nos saberes, nas artes, política e economia. No ideário humanista a figura do Cristo deixava de ser o centro do universo, lócus que deveria agora ser ocupado pelo homem.

Na Renascença a homem está acima da natureza, o que deu arcabouço para o  humanismo empreender uma ruptura com o teocentrismo cristão que vigorou por toda a Idade Média, não significa porem uma negação de Deus, podendo ser no máximo uma aversão a doutrina preconizada pela Igreja Católica Apostólica Romana. Na perspectiva antropocêntrica as perguntas e aspirações humanas passavam ser o centro das preocupações, é a descoberta do eu.

resnascer
O Renascimentos foi um movimentos que abarcou varias areas do conhecimento e das artes

É importante entender o contexto histórico pelo qual germinou o Renascimento e o Humanismo. Na Itália com o êxodo do campo para as cidades e a modernização nos séculos XII e XIII, fez da renascença um movimento urbano, nesse passo a conjectura feudal começa a perder força perante a uma ordem mercantilistas, a burguesia ascende e começa a disputar espaço com nobreza e igreja.

Da Vinci
O homem vitruviano, Leonardo da Vinci

O revisitar das produções clássicas como as de Heródoto, Túcides e Platão não significava um movimento de retorno, foi o esteio encontrado para uma nova interpretação do homem e das relações sociais, para criar cidadãos civilizados e racionais.

Na Europa famílias ricas como os Médici, de Florença, e Sforza, de Milão,  financiavam os fomento artístico, prática que ficou conhecida como mecenato,  concomitante a isso a evolução das técnicas de imprensa e o  legado erudito advindo da Constantinopla foram essenciais para o desenvolvimento do movimento.

Nas belas-artes podemos destacar como os principais nomes Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael. Mas os reflexos do Renascimento não reduzem apenas a esse nicho, nas Ciências devemos elencar Johannes Kepler, Nicolau Copérnico e Galileu Galilei. Na poesia, Erasmo de Rotherdan, Petrarca e Dante Alighieri.